Prevaleceu o bom senso, e a Comissão de Relações Exteriores do Senado aprovou a entrada da Venezuela no Mercosul. Há os que se opõem a esse ingresso e, em passado recente, pretendiam que aderíssemos ao Alca. O tratado de livre comércio das Américas, como o desejavam os norte-americanos, seria, para repetir o guatemalteco Juan Arévalo, a associação entre as sardinhas e o tubarão. A adesão do México ao Nafta representou a desnacionalização da indústria, o aumento da criminalidade, a repercussão dramática da crise econômica norte-americana em seu território. O México perdeu 15% dos empregos existentes em 1994 e, só no ano passado, 6290 pessoas foram assassinadas na guerra do narcotráfico.
O presidente Chávez tem surpreendido os meios políticos com seu comportamento inusitado. Sua eleição constituiu a quebra de um paradigma. Mas essa quebra de paradigma não ocorreu somente na Venezuela. No mundo inteiro, o eleitorado tem preferido, nos últimos decênios, homens que fogem aos modelos clássicos de chefes de estado e de governo do século 19 e início do século 20. São homens que não se identificam com o que convencionamos chamar establishment. Esses homens novos, para usar o léxico político romano, não constituem privilégio da esquerda. A direita também os elege, mais do que a esquerda e, talvez, tenha a ela cabido o privilégio de inaugurar o costume, quando fez do caubói Ronald Reagan o presidente dos Estados Unidos em 1980. Quebrou-se, na mesma ocasião, o paradigma na Inglaterra, com a eleição de Mme. Thatcher para ocupar o gabinete de Downing Street, que havia sido, só no século passado, de Lord Balfour e de Lloyd George, de Churchill, Harold Wilson e Bevan. E que dizer de nossos dias, com Berlusconi e Sarkozy? E não nos esqueçamos de Barack Hussein Obama – talvez o que intelectualmente mais se aproxime do modelo clássico dos governantes do passado.
A História registra quebras anteriores de paradigma, mas geralmente localizados e episódicos, como ocorreu com a eleição de Andrew Jackson, nos Estados Unidos de 1828. Quebra de paradigma é também a presença de Lula, no Alvorada. Argumentam, os adversários da inclusão da Venezuela no Mercosul, que o regime, ali, não é democrático. Mas, o que é mesmo democracia? Se os destacados adversários da Venezuela conseguissem defini-la com precisão, resolveriam um dos problemas básicos da ciência política. Em termos pragmáticos – e não acadêmicos - democracia é aquele regime que nos convém, e não democrático aquele que não nos agrada. Há democracias e democracias. Seria, por exemplo, democrático o governo da Itália, cujo primeiro ministro controla mais da metade do poder de informação no país? Em sua melhor definição, a democracia rejeita adjetivos, e os rejeita porque é um processo – e os processos não admitem qualificações definitivas.
É preciso separar o transitório do duradouro, já que na política, como na vida em geral, não há situações permanentes. O presidente Chávez é um inquilino do Palácio de Miraflores, como outros houve, desde a tumultuada independência da região. Como em todos os paises do continente, a história da Venezuela oscila entre o despotismo das oligarquias e a resistência dos pobres. Houve governos que lutaram pela democracia republicana e pela igualdade, como os de Rômulo Bentacourt e Rômulo Gallegos. E ditaduras militares impostas pelos golpes de estado, como a de Perez Jimenez. E há o clássico exemplo da corrupção insuportável de governos que começaram bem, como ocorreu com Carlos Andrés Perez. Se Chávez e sua forma particular de governo são realidades transitórias, a Venezuela é duradoura. Hoje, a Venezuela é um dos mais importantes parceiros comerciais do Brasil, e, acima dos preconceitos contra o índio Chávez prevalecem os interesses dos grandes empresários brasileiros, que exportam bens e serviços para aquele país. E, da mesma forma, os nossos objetivos nacionais permanentes.
O presidente Chávez tem surpreendido os meios políticos com seu comportamento inusitado. Sua eleição constituiu a quebra de um paradigma. Mas essa quebra de paradigma não ocorreu somente na Venezuela. No mundo inteiro, o eleitorado tem preferido, nos últimos decênios, homens que fogem aos modelos clássicos de chefes de estado e de governo do século 19 e início do século 20. São homens que não se identificam com o que convencionamos chamar establishment. Esses homens novos, para usar o léxico político romano, não constituem privilégio da esquerda. A direita também os elege, mais do que a esquerda e, talvez, tenha a ela cabido o privilégio de inaugurar o costume, quando fez do caubói Ronald Reagan o presidente dos Estados Unidos em 1980. Quebrou-se, na mesma ocasião, o paradigma na Inglaterra, com a eleição de Mme. Thatcher para ocupar o gabinete de Downing Street, que havia sido, só no século passado, de Lord Balfour e de Lloyd George, de Churchill, Harold Wilson e Bevan. E que dizer de nossos dias, com Berlusconi e Sarkozy? E não nos esqueçamos de Barack Hussein Obama – talvez o que intelectualmente mais se aproxime do modelo clássico dos governantes do passado.
A História registra quebras anteriores de paradigma, mas geralmente localizados e episódicos, como ocorreu com a eleição de Andrew Jackson, nos Estados Unidos de 1828. Quebra de paradigma é também a presença de Lula, no Alvorada. Argumentam, os adversários da inclusão da Venezuela no Mercosul, que o regime, ali, não é democrático. Mas, o que é mesmo democracia? Se os destacados adversários da Venezuela conseguissem defini-la com precisão, resolveriam um dos problemas básicos da ciência política. Em termos pragmáticos – e não acadêmicos - democracia é aquele regime que nos convém, e não democrático aquele que não nos agrada. Há democracias e democracias. Seria, por exemplo, democrático o governo da Itália, cujo primeiro ministro controla mais da metade do poder de informação no país? Em sua melhor definição, a democracia rejeita adjetivos, e os rejeita porque é um processo – e os processos não admitem qualificações definitivas.
É preciso separar o transitório do duradouro, já que na política, como na vida em geral, não há situações permanentes. O presidente Chávez é um inquilino do Palácio de Miraflores, como outros houve, desde a tumultuada independência da região. Como em todos os paises do continente, a história da Venezuela oscila entre o despotismo das oligarquias e a resistência dos pobres. Houve governos que lutaram pela democracia republicana e pela igualdade, como os de Rômulo Bentacourt e Rômulo Gallegos. E ditaduras militares impostas pelos golpes de estado, como a de Perez Jimenez. E há o clássico exemplo da corrupção insuportável de governos que começaram bem, como ocorreu com Carlos Andrés Perez. Se Chávez e sua forma particular de governo são realidades transitórias, a Venezuela é duradoura. Hoje, a Venezuela é um dos mais importantes parceiros comerciais do Brasil, e, acima dos preconceitos contra o índio Chávez prevalecem os interesses dos grandes empresários brasileiros, que exportam bens e serviços para aquele país. E, da mesma forma, os nossos objetivos nacionais permanentes.
Nenhum comentário:
Postar um comentário