segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

DOIS SOLDADOS

Em algum lugar de Gaza, um rapaz de 23 anos está diante de sua solidão. É um prisioneiro de guerra. Tinha 19 anos, em 25 de junho de 2006, quando fazia parte de ofensiva de tanques contra a Faixa de Gaza. Como soldado, foi capturado – fato comum em todas as guerras da História. Israel o considerou “seqüestrado”, e isso é mais do que dissimulação semântica: é a agravante da mentira. Para obrigar os palestinos a libertá-lo, Israel realizou sua devastadora invasão de fim do ano passado contra os palestinos de Gaza.

Galid Shalit é vítima da guerra, como os jovens palestinos que morreram há um ano em Gaza. É tão vítima quanto o soldado norte-americano Bowe Robert Bergdahl, capturado pelos talebãs há seis meses. Como prisioneiros, sua condição é a mesma dos palestinos e afegãos, sitiados pelo poder desmesurado dos mesmos inimigos.

Nestas horas, o soldado Gilad Shalit é, para a consciência moral do mundo, mais um palestino. É um jovem, construído pela ideologia do ódio, para matar os palestinos e que, de repente, se vê seu prisioneiro. Sua sorte passou a ser a sorte de seus adversários; sua liberdade depende da liberdade de centenas deles. É um ser humano, da mesma Palestina em que um jovem anunciou o tempo novo, o tempo do amor entre todos os seres humanos.

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