A queda do muro de Berlim favoreceu a expansão da União Européia, que nascera como a Europa dos Seis em 1957, com o Tratado de Roma. Essa ampliação, sem embargo, vem trazendo problemas de identificação do que seja hoje a Europa, e o que sejam as sociedades nacionais que a integram. A unificação não é completa, começando com o problema da moeda única. Para os ingleses, a libra é, como a monarquia, símbolo sagrado de soberania. Mas não se cinge à Europa a grave crise do homem contemporâneo. Os Estados Unidos estão se confrontando com o mesmo problema de identidade. O major que matou os seus companheiros de farda de Fort Hood é, ou não, um americano? Ele matou concidadãos, ou atirou em inimigos do Islã? A grande vantagem dos Estados Unidos é a de ser, desde os peregrinos do século 17, uma pátria pela escolha, não pela fatalidade do nascimento. Daí o seu extremo nacionalismo: todo Ersatz é sempre mais exacerbado do que o modelo. Essa realidade começa a ser posta à prova. Não teria o major matado simplesmente por fadiga de viver em uma sociedade corroída pelo egoísmo? Os adolescentes que matam seus colegas, lá e alhures, por que o fazem? De acordo com eminentes psicanalistas, quando alguns homens odeiam os outros homens, de forma geral, é porque, no fundo, odeiam-se a si mesmos. Todo assassino é suicida, e todo suicida, um assassino.
Segundo os moralistas da escola que expulsaram uma aluna em São Paulo, ela vestia roupas provocantes. Qual é a escala que separa a sedução da provocação? Quais são os limites para que uma pessoa possa expor ou não o seu próprio corpo? Em uma sociedade erotizada, principalmente pela propaganda comercial, que usa o corpo feminino como apelo de consumo, é natural que muitas mulheres se sintam estimuladas a vestir-se como os modelos dos anúncios. Em nosso tempo, o apelo ao erotismo está em quase toda parte, na música, na literatura, na televisão e no cinema.
Têm sido freqüentes os atos de intolerância contra os alunos diferentes, seja pela cor, pela condição social, pelas dificuldades de locomoção ou de expressão. É hora de colocar limites severos a esses atos estúpidos – em nome da essencial liberdade de ser.
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